Praia da Tocha

Praia da Tocha
Foto de Filipe Freitas

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Palheiros da Tocha – Que Futuro?


1987 - Selo dos CTT comemorativo dos «75 anos do Turismo»…
Postal máximo obtido, neste site:
http://www.caleida.pt/filatelia/aleph/ficha?pmaximo01+330

A imagem do palheiro durante muito tempo foi sinónima de miséria. O palheiro conviveu com a desorganização urbanística, associada à ausência de saneamento, electricidade e água. Foi durante muito tempo um alvo a abater.
Contraditoriamente, o mesmo povo que condena o Palheiro à extinção continua a querer imortalizá-lo.


Decrépito e em pré-extinção a imagem do Palheiro continua “a vender” nos folhetos turísticos, nos cartazes de promoção de eventos, nos artigos de artesanato estampado em pratos ou vendidos como miniatura. Jovens associações incluem-no nos seus logótipos (AMPT - Associação de Moradores da Praia da Tocha; Associação de Bodybord da Praia da Tocha). Quando o calor do verão aperta, revistas e jornais dedicam-lhe páginas inteiras. Os Palheiros da Tocha serviram de cenário ao filme de Fernando Lopes “Uma abelha na chuva” (1971).

Em 2009 a banda Blind Zero escolheu os palheiros da Tocha como pano de fundo para o teledisco “Slow Time Love”.





Logótipo da Associação de Moradores da Praia da Tocha
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Em 1987 o Palheiro da Tocha serviu de rosto no selo dos CTT comemorativo dos «75 anos do Turismo»…
Os mesmos CTT em 1985 retrataram o Palheiro da Tocha numa série alusiva à Arquitectura Popular Portuguesa.
O Palheiro constitui o motivo principal do brasão da freguesia da Tocha
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1985 - Palheiro da Tocha numa série de selos alusiva à Arquitectura Popular Portuguesa.
Palheiro da Tocha, motivo principal do brasão da freguesia da Tocha.

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Na povoação são vários os exemplos de casas de tijolo revestidas a madeira, umas bem conseguidas, outras nem por isso.Há contudo quem rume contra a maré. De construção relativamente recente, os palheiros do Posto de Turismo e da “Associação de Moradores da Praia da Tocha” são disso um exemplo.

As novas construções sobre a frente marinha – biblioteca, abrigo dos pescadores e bares anexos - amputadas de telhado são todavia palafitas de madeira, uma alusão aos antigos palheiros. Cortaram contudo de forma radical com a tradição. Pelo grande afastamento relativamente aos palheiros tradicionais foram uma oportunidade perdida.

Numa altura em que a palavra sustentabilidade está na ordem do dia, o facto de sabermos que nos primórdios da Praia da Tocha foram exclusivamente usados na construção materiais renováveis locais de baixo impacto ambiental, dá-nos que pensar!...

É absolutamente errado supor anacrónico o uso da madeira nos dias de hoje. Os países da Europa e da América do Norte, com climas mais agrestes do que o nosso, reconhecidos como estando no topo do desenvolvimento humano, continuam e hão-de continuar a construir em madeira.

Face ao exposto não me parece descabida a ideia de criar, na Praia da Tocha, uma zona de edificação exclusiva para verdadeiros palheiros, composta por 15 a 20 habitações, o suficiente para assegurar o seu futuro. Localizados na linha da frente, interessados certamente não faltariam.


http://arquitecturadouro.blogspot.com. retirado deste blog-- Arquitecto: Rafael Carvalho

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