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terça-feira, 24 de abril de 2012
Infelicidade partilhada
Infelicidade partilhada
16 de Abril de 2012 por Ruben Obadia
Na passada sexta-feira uma simples foto nas redes sociais serviu como rastilho para uma revolta no sector do Turismo nacional. Retratada estava a fila de turistas espanhóis que aguardavam para pagar a portagem na A22 (Algarve), logo após passarem a fronteira. A mesma situação repetia-se em outros pontos de entrada em Portugal, de Norte a Sul. O tempo de espera chegou a atingir uma hora, com muitos de ‘nuestros hermanos’ a darem meia volta e regressarem a Espanha. Só para os mais desatentos é que esta situação poderá ser uma surpresa. Multiplicaram-se os contactos em surdina da parte dos governantes a pedir calma ao sector e a deixarem a promessa de uma solução para breve.
Na realidade, esta gente que nos governa está apostada na destruição do País e dos seus sectores mais produtivos. Faz-lhes comichão poder haver um sector que tenha condições para ser feliz. A infelicidade, numa democracia, pelo menos nesta, é algo que tem de ser partilhado. Ordens do ministro Gaspar, no primado das Finanças sobre a Economia.
No dia 28 de Junho de 2011 tomou posse a secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles. Passados mais de 10 meses é legítimo perguntar o que foi feito até agora para ajudar o sector. A resposta estará na boca de todos os empresários que trabalham no Turismo: Nada! E para desajudar foi feito tanto… O Plano Estratégico Nacional do Turismo está suspenso há mais de um ano. E este é o “estratégico para o Turismo nos próximos dez anos”… O aumento do IVA na Restauração; o aumento do IVA no golfe; o fim de feriados e pontes; a suspensão dos subsídios de férias e Natal até 2013, que afinal será até 2015; a Lei das Agências de Viagens e Turismo que continua sem ver a luz do dia; a nova organização das regiões de turismo que, de tão anunciada, permanece nos segredos dos deuses, deixando na ignorância os mortais; a perda do estatuto de Instituto com “regime especial” do Turismo de Portugal, com consequências gravíssimas ao nível da celebração de contratos e liberdade de acção; a ausência de objectivos no capítulo da promoção externa; a que se junta a introdução de portagens nas SCUTs de Norte a Sul do País. Estas são apenas algumas das medidas de quem foi a votos afirmando que o “Turismo era um sector estratégico para a economia nacional”. Palavras vazias.
A fotografia da mais de uma centena de turistas espanhóis que aguardavam à chuva para pagar as portagens é a prova viva que esta gente não só não percebe nada de Turismo como está disposta a acabar com ele. O que temos não é uma secretaria de Estado do Turismo mas sim um braço armado das finanças disfarçado. Um SET promove o sector, ajuda os empresários, estimula o crescimento, incentiva a promoção.
Caminhamos para o abismo, irresponsavelmente, e com o argumento de sempre: em democracia, a infelicidade tem de ser partilhada. Até quando? Até não sobrar mais nada!
PS – Curiosamente, no dia de fecho desta edição, dois dias após ter escrito este texto, recebo o habitual artigo de opinião de Pedro Machado. Ler um e ler outro é perceber que o Turismo real fala a uma única voz!
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